quarta-feira, 26 de novembro de 2014
domingo, 23 de novembro de 2014
O Desperdício que Mata a Fome
Toneladas
de alimentos que antes iriam para o lixo são distribuídos a instituições
carentes
|
Segundo novo relatório da ONU, cerca de 805
milhões de pessoas no mundo sofrem de fome. Porém, a FAO (Organização das
Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), confirmou a tendência global de
diminuição desta estatística, reduzindo em 100 milhões o número de pessoas que
passam fome na última década e mais de 200 milhões em relação a 1990-1992.
Nesse contexto, o Brasil abandonou o vergonhoso
mapa mundial da fome, revela o último relatório, divulgado em setembro, sobre
segurança alimentar da FAO. Hoje, apenas 1,7% da população não sabe se terá
garantida a próxima refeição. Ainda que isso represente 3,4 milhões de bocas
famintas, o país é apontado como uma referência mundial no combate à fome pela
forte redução verificada nas últimas décadas. Em 1990, 25 milhões de cidadãos
estavam subalimentados, o equivalente a 15% dos habitantes do País.
O desperdício de alimentos é um dos fatores que
contribuem para o quadro da fome no país. De acordo com levantamento realizado
pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a perda de
alimentos no Brasil chega a 40 mil toneladas por dia. Anualmente, a quantia
acumulada é suficiente para alimentar cerca de 19 milhões de pessoas
diariamente.
É
neste cenário que surge o papel fundamental do Instituto de Pesquisas e Estudos
Aplicados à Sociedade – Brasil -, IPEAS-BRASIL, uma OSCIP (Organização Social
Civil de Interesse Público). “Nossa equipe é formada por um grupo de
estudiosos, pesquisadores, cientistas e educadores indignados com o significado
das palavras fome, sofrimento e desperdício”, conta o presidente Carlos Valim. Segundo
ele, sua equipe topou o desafio de trabalhar em prol da função social,
combatendo a fome por meio do Programa Alimenta Brasil, que realiza a captação
de alimentos considerados inadequados para comercialização, mas que ainda
possuem condições de consumo humano, e repassam esses alimentos a quem tem fome
ou quase nada para se alimentar.
Após
uma longa negociação junto ao Grupo Pão de Açúcar para recolhimento de
hortifrutigranjeiros em suas lojas, o IPEAS foi autorizado a recolher os
alimentos na unidade do Hipermercado Extra na quadra 716 norte, em Brasília.
Desde
então, o IPEAS passou a recolher esses alimentos e a distribuí-los a entidades
que atendem pessoas carentes e com necessidades especiais. Atualmente são
atendidas mais de 26 entidades. Segundo Carlos Valim, “são instituições que têm
grande dificuldade em garantir um atendimento pleno aos que os procuram”. As
entidades atendem idosos, gestantes, pessoas com deficiência e crianças em
cidades como Ceilândia, Taguatinga e Estrutural.
Além
do combate à fome, o IPEAS visa criar centros de processamento para captar,
separar e distribuir alimentos e encaminhar a instituições e a comunidade.
Muitas
dessas entidades recebem alimentos para mais de uma refeição por dia. “No mês
de junho (2014), por exemplo, conseguimos entregar aproximadamente 15 toneladas
de alimentos, pois em alguns dias recebemos mais de 500kg/dia”, explica Carlos
Valim.
Atualmente
o programa está distribuindo em média 2.650 refeições por dia. A meta é ampliar
a abrangência do programa e multiplicar as refeições entregues, para que, até o
final de 2014, consiga distribuir 12.500 refeições por dia.
Para
que o IPEAS alcance sua meta é necessário abrir novas frentes de trabalho, com
pelo menos três novos CPA’s (Centros de Processamento de Alimentos), adquirir
mais dois caminhões de pequeno porte e contratar ao menos mais 15 auxiliares,
pois atualmente apenas três funcionários são responsáveis por toda captação e
distribuição.
O
IPEAS conta com doações para atingir suas metas e busca a ajuda da população
para fazer crescer cada vez mais a abrangência de seus programas. Para mais
informações sobre os projetos do Instituto de Pesquisa e Estudos Aplicados à
Sociedade, acesse www.ipeasbrasil.org.br,
ou ligue para 3039-2882.
FAÇA A DIFERENÇA
Com
R$ 15,00 você provê uma refeição por dia, durante um mês inteiro para uma
pessoa. Ajude instituições como o IPEAS-BRASIL a alcançar a meta de distribuir
12.500 refeições por dia.
Você
pode doar pelo site, www.ipeasbrasil.com.br
ou faça sua doação pelos bancos a seguir:
Caixa Economica
Federal
Agência:
2210
Operação:
003
Conta
Corrente: 1460-3
Banco do Brasil
Agência:
1419-2
Operação:
001
Conta
Corrente: 24531-3
O CAMINHO DO
DESPERDÍCIO
Os
números assustadores do desperdício são resultados de uma triste realidade: o
Brasil é um dos maiores produtores agrícolas do mundo e, segundo o Instituto de
Pesquisas e Estudos Aplicados à Sociedade, IPEAS-BRASIL, de tudo que é
produzido apenas 27% chega à mesa dos consumidores, devido ao desperdício que
ocorre em todo o processo, desde o plantio até o preparo do alimento em nossas
casas.
Ainda
segundo o IPEAS, 20% dos alimentos produzidos se perdem durante a colheita,
seja pelo uso de maquinário inadequado ou pela consequência de pragas. Já no
transporte se perde em torno de 8% da produção, por armazenamento inadequado e
veículos impróprios para determinados produtos.
Outro
ponto de desperdício, mais próximo de nós consumidores, é o varejo, ou seja, as
feiras, mercados e supermercados. A perda chega a pouco mais de 1% da produção.
Muitos alimentos são descartados pela sua forma, tamanho ou cor aparentemente
inadequados, já que o consumidor normalmente deixa de comprar alguns alimentos
que estão bons para o consumo, mas que possuem uma aparência não agradável.
ENTREVISTAMOS
Emilia
Maria Torres de Castro é economista doméstica,
nutricionista, mestre em ciência e tecnologia de alimentos, também foi
educadora da fundação, IESB e UPIS. Hoje está aposentada, mas como
professora já trabalhou com seus alunos o grande desperdício de alimentos no
Brasil. Com grande conhecimento no tema, passou a indicar para seus pacientes o
uso integral dos alimentos.
P: Emilia sabe-se que
no Brasil o desperdício de alimentos é abusivo. Você sabe contar onde é o ponto
de partida para esse excesso de descarte desnecessário de alimentos
aparentemente bons para o consumo?
R: O desperdício de alimentos é em cadeia, começa na propriedade
rural chegando à casa do consumidor. Na propriedade rural, existem muitas
perdas na colheita, principalmente por despreparo do produtor, e outras causas
como calor intenso e chuvas em abundância em determinadas
épocas do ano. Falta de logística no armazenamento de frutas e hortaliças no
campo, como locais adequados e embalagens compatíveis com os alimentos,
transportes e estradas em péssimas condições de tráfego.
P: Quais fatores obrigam o descarte de alimentos
que visualmente não seguem as exigências dos consumidores?
R: Os produtos quando chegam aos mercados
varejistas e atacadistas, são armazenados em locais sem nenhum controle de
temperatura e umidade, os alimentos são misturados, afetando a padronização, o
que acaba não atendendo às exigências do mercado consumidor. As frutas e frutos
acabam se estragando no momento da escolha pelo consumidor, por excesso de
toques, uma prática muito comum dos brasileiros.
P: Você teria alguma solução para esse abusivo desperdício?
R: A conscientização dos
produtores e consumidores para evitarem perdas e desperdícios dos alimentos,
além de contribuir com os recursos nutricionais ofertados às populações mais
carentes, nos conduzirá ao desenvolvimento sustentável necessário às futuras
gerações.
P: Fale
sobre seu projeto em escolas públicas do Distrito Federal.
R: Como professora do ensino médio elaborei um projeto com o
objetivo de desenvolver habilidades e competências dos alunos na área da
alimentação e nutrição, com os seguintes temas: aproveitamento integral dos
alimentos, como escolher e comprar de forma racional, como conservar e as
técnicas culinárias adequadas a cada grupo de alimentos.
P: A
conscientização da população é um dos principais fatores para esse excesso de
descarte, comente o seu ponto de vista.
R: É extremamente necessário que a população saiba da importância
para uma vida saudável o consumo de alimentos saudáveis e que também crie
consciência de que desperdiçar comida é uma questão de desprezo pelos 800 milhões
de pessoas no mundo e, em especial pelos 3,4 milhões de brasileiros que vivem
atualmente em insegurança alimentar e nutricional.
Essa reportagem faz parte da disciplina Gêneros Jornalísticos. Segundo semestre do curso de Jornalismo do Instituto de Educação Superior de Brasília, IESB.
Alunos:
Essa reportagem faz parte da disciplina Gêneros Jornalísticos. Segundo semestre do curso de Jornalismo do Instituto de Educação Superior de Brasília, IESB.
Alunos:
-
Alan Ferreira;
-
Nathalia Vajas;
-
Raila Alves;
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
Caminhos da Reportagem mostra o desperdício de alimentos no Brasil
No Brasil, 60% dos alimentos produzidos no campo já são desperdiçados entre a colheita, o transporte e o manuseio. Outros 30% se perdem nas Ceasas, e mais 10% nos supermercados e nas residências. O programa da TV Brasil, Caminhos da Reportagem, mostra como e onde ocorre grande parte dessa perda de alimentos.
Acesse a página abaixo e confira.
Assinar:
Postagens (Atom)